FIM DA JANELA DE TRANSFERENCIAS

Com Robinho e Ibra, Milan usa o fim da janela para se credenciar ao topo
Rubro-Negro é uma das apostas para acabar com império do rival Inter de Milão. Especialistas veem chegada do atacante brasileiro com ressalvas

A urgência dos últimos dias de mercado aberto na Europa despertou um gigante. Coadjuvante do maior rival em seu país e no continente nos últimos anos, o Milan resolveu gastar para novamente se credenciar ao topo. No sábado, oficializou a contratação do atacante sueco Zlatan Ibrahimovic, ex-Barcelona. Nesta terça, data do fechamento da janela, foi a vez do brasileiro Robinho, ex-Manchester City, reforçar o clube. Ambos juntam-se a Alexandre Pato e Ronaldinho Gaúcho e formam um quarteto ofensivo de causar inveja em muitos times.

Villa, Ramires, Özil, Robinho e Ibra foram cinco das principais transferências que movimentaram o mercado
Os comentaristas Décio Lopes e Lédio Carmona preparou uma análise especial sobre o mercado.


A vinda de Robinho, no entanto, é vista com ressalvas pelos comentaristas, e não como solução. Apesar de titular da Seleção Brasileira por um longo período, o atacante não teve a sequência que desejava na Espanha e Inglaterra, amargando por vezes a reserva e adiando o sonho de se tornar o “melhor jogador do mundo”.


– Vamos ver também se o Robinho não vai enjoar – disse Lédio.
– Será um desafio achar lugar para ele no time. Robinho e Pato devem disputar uma vaga – afirmou Décio.

O Manchester City, por sinal, vendeu o ex-santista por R$ 40 milhões, mas compensou ao desembolsar mais de R$ 353 milhões em compras de jogadores, poucos deles de fato consagrados. Melhor fizeram os espanhóis Barcelona e Real Madrid, este último apontado pelos especialistas como o clube que investiu com mais qualidade.



Boa notícia também para os brasileiros: dessa vez, poucos times foram vítimas da janela. Dentre as principais perdas estão Adriano (Roma), Sandro (Tottenham), Taison e Cleiton Xavier (Metalist), Hernanes (Lazio), Wesley (Werder Bremen) e André (Dínamo de Kiev).


Lédio Carmona e Décio Lopes também entraram em consenso quanto às cinco melhores contratações da temporada. Veja abaixo o top-5 eleito pelos comentaristas na redação custo e benefício e uma análise do mercado dos principais países.
Alemanha: rivais se movimentam para acabar com reinado do Bayern


Diego estreou com derrota no Wolfsburg (EFE)

Com nomes como Franck Ribéry, Arjen Robben e Thomas Müller, o sempre favorito Bayern de Munique manteve a base da última temporada, quando conquistou o título alemão e ficou com o vice da Liga dos Campeões. Seus rivais, no entanto, não ficaram parados e foram atrás de novos nomes. O Schalke, por exemplo, trouxe a custo zero o zagueiro Christoph Metzelder e o atacante Raúl – ambos do Real Madrid. O Bayer Leverkusen também não gastou nada para fechar com o seu principal reforço, o meia Michael Ballack, que veio do Chelsea, da Inglaterra.


As duas contratações mais caras vieram de última hora da Itália. Após uma longa novela envolvendo sua saída do Juventus, o meia Diego deixou a Velha Senhora para fechar com o Wolfsburg, que pagou R$ 37,5 milhões pelo atleta.


O novo time do brasileiro, inclusive, foi o que mais gastou no país nesta temporada (R$ 94 milhões em contratações). Além disso, o Schalke investiu R$ 34 milhões para tirar o atacante Huntelaar do Milan.


Espanha: favoritos, Barcelona e Real Madrid investem pontualmente


Mascherano: multa rescisória de R$ 200 mi (EFE)

Na terra dos atuais campeões mundiais, quase todos os principais reforços vêm de fora. O Real Madrid investiu R$ 196 milhões para trazer seis jogadores, como Di María, Khedira, Özil e Ricardo Carvalho. Além disso, o português José Mourinho, treinador mais badalado do momento, chegou à capital espanhola para comandar os merengues nesta temporada. Já o Barcelona manteve a base da Fúria, somada ao argentino Messi, e ainda gastou R$ 173 milhões para acertar com David Villa, Mascherano e o brasileiro Adriano.


– O clube que melhor se reforçou nessa janela foi o Real Madrid. Gastou muito, como sempre, mas não gastou com bobagem. Contratou três jogadores muito bons, que não são galácticos, como Özil, Di María e Khedira. Sem falar do treinador, que é o melhor do mundo. O problema, para eles, que o Barcelona foi o segundo que melhor se reforçou. O Barça pegou o Villa, que todo mundo queria, e o Mascherano, que cabe em qualquer time do mundo – analisou Décio.
Fora da realidade dos dois gigantes, o Valencia e o Atlético de Madri, que contratou o brasileiro Filipe Luis do La Coruña por R$ 29 milhões, foram os que mais investiram no futebol espanhol. Após negociações frustradas com o Olympique de Marselha, Luis Fabiano renovou por duas temporadas e vai continuar no Sevilla.
França: Lyon se reforça para não fazer feio



Lyon pagou R$ 53 milhões por Gourcuff (Reuters)

Na busca de retomar o predomínio que o manteve no topo do futebol francês durante boa parte da última década, o Lyon foi buscar o nome de maior impacto desta janela de transferências no país e acertou com o Bordeaux a contratação de Yoann Gourcuff, por R$ 53 milhões. Apesar disso, a equipe que mais investiu na França foi o atual campeão Olympique Marseille, que gastou R$ 91 milhões com reforços para esta temporada.


Entre os brasileiros, a maior negociação foi a transferência de Nenê do Mônaco para o PSG por R$ 12 milhões. Já Michel Bastos, que chegou a despertar o interesse do Real Madrid e do Inter de Milão após a Copa, segue no Lyon.


Inglaterra: Manchester City e Tottenham, dois intrusos no pedaço


Dono do Manchester City, Sheik Mansour investiualto para tentar o título da Premier League (Reuters)
O chamado “Big Four”, grupo que reunia os quatro gigantes do país (Manchester United, Chelsea, Arsenal e Liverpool), já não existe mais. Ao menos na prática. Tudo por conta da boa temporada do Tottenham, que alcançou a última vaga na Liga dos Campeões, e do altíssimo e desesperado investimento do Manchester City, que enfim se reforçou com o objetivo de título. Ao todo, seis jogadores importantes chegaram: os defensores Jérome Boateng e Kolarov, o volante Yaya Touré, os meias Milner e David Silva, e o polêmico atacante Balotelli, totalizando R$ 353 milhões.


- No papel, foram boas contratações do Manchester City. Mas acho que o time ainda não vai dar liga – afirmou Lédio.


Os rivais foram muito mais tímidos: Chelsea, Manchester United e Arsenal trouxeram Ramires (R$ 50 milhões), Chicharito Hernandez (R$ 24 milhões) e Chamackh (de graça) como principais contratações, respectivamente, enquanto o Tottenham aguarda uma posição da Premier League para anunciar Van der Vaart (R$ 22 milhões). O Liverpool vive situação pior. Em crise econômica, limitou-se a substituir Mascherano por Raul Meireles (R$ 31 milhões), além de contratar Joe Cole e Milan Jovanovic a custo zero. Mas não deve almejar muito na temporada.


Itália: no Milan, Robinho e Ibra desafiam domínio do Inter de Milão



Robinho já posou com a camisa do Milan ao ladodo vice-presidente Adriano Galliani (Reprodução)
As contratações do Milan no apito final tornaram um campeonato já interessante tendendo ainda mais ao equilíbrio. O Internazionale de Milão, que só perdeu o técnico José Mourinho, segue como o grande favorito, mas não seria surpresa ter a companhia real do Rubro-Negro, maior rival, Roma e Juventus na briga pelo caneco.


Com o Imperador de volta, o time da capital foi outro que manteve a base atual vice-campeã. Borriello também chegou para ajudar o ataque, enquanto Nicolás Burdisso veio para ajeitar a cozinha. Na Velha Senhora, um pacote com poucas boas apostas tem Bonucci, Krasic, Aquilani, Pepe e Quagliarella. Nomes como Robinho e Ibrahimovic, no entanto, falam mais alto.
– O Milan tem chance de equilibrar com o Inter. Esse ataque é muito forte e pode render no 4-2-3-1, o esquema da moda, mas com gente de qualidade. Os problemas são a defesa em geral e os volantes, que jogam bonitinho, mas não marcam ninguém – analisou Lédio Carmona.
Portugal: há vida sem Ramires e Di Maria?



Ramires e Di Maria deixaram o Benfica orfão


Perder Ramires e Di Maria de uma só vez foi duro para o atual campeão Benfica, que encerra o período sem contratar substitutos à altura. Ao contrário do Porto, que vendeu o zagueiro Bruno Alves e o volante Raul Meireles, mas repôs com João Moutinho, ex-Sporting, e as promessas Souza, ex-Vasco, e James Rodríguez, ex-Banfield, além do zagueiro argentino Nicolas Otamendi.
- O presidente do Benfica veio ao Brasil para procurar reforços e voltou para Portugal dizendo que não tinha dinheiro. Quer dizer: o Santos gasta mais do que o próprio Benfica. O clube não faz loucuras e respeita os seus limites – disse Lédio.
Recheada de brasileiros, a surpresa Braga aumentou ainda mais a lista e trouxe, entre outros reforços, o goleiro Felipe, ex-Corinthians, e o atacante Elton, também ex-Vasco. Após perder Miguel Veloso e João Moutinho, o Sporting foi pouco ativo no mercado. Alberto Zapater, ex-Genoa, foi a principal aquisição


Leste europeu: russos e ucranianos apostam em brasileiros


Carlos Eduardo custou R$ 44,5 milhões aos cofresdos russos do Rubin Kazan (Foto: Alexandre Alliatti)


O mercado foi bastante agitado fora dos grandes centros. Convocado por Mano Menezes na última lista da Seleção, Carlos Eduardo deixou o Hoffenheim, da Alemanha, para fechar com o Rubin Kazan, da Rússia. Tradicional reduto de jogadores brasileiros, o futebol ucraniano não fugiu aos costumes. Naturalizado croata, Eduardo da Silva deixou o Arsenal para vestir a camisa do Shakhtar Donetsk. Já o ex-santista André e o meia Cleiton Xavier, ex-Palmeiras, deixaram o Brasil para jogar no Dínamo de Kiev e no Metalist, respectivamente.
- Uma coisa tem que ser destacada: o aumento do mercado ucraniano nessa janela de transferências. Eles não dependem da economia europeia. Os times da Ucrânia contrataram bons jovens brasileiros, sendo que antigamente só pegavam as sobras, assumindo um protagonismo no futebol – concluiu Décio.

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