BRASILEIRÃO 2010 - 36ª RODADA
Torcida do São Paulo vibra com derrota do time para o Flu, que toma a ponta do Corinthians; Inter vence Botafogo sem medo de ajudar o Grêmio
Nesta 36ª rodada, a antepenúltima, o Fluminense fez a alegria dos torcedores do time que goleou. Louco, não? Não, apenas reflexo de um aspecto cultural do futebol brasileiro. No país de dimensões continentais, impedir a alegria do vizinho ain

Canto da torcida são-paulina
- Não é mole, não! Até com esse timinho, o Muricy é campeão! - vibraram os tricolores do Morumbi.
Os são-paulinos deixaram o estádio com expressão sorridente e despreocupada. No placar, estava lá: 4 a 1 para o Fluminense.
Dentro de campo, porém, houve esforço por parte dos comandados por Carpegiani. É verdade que, durante o primeiro tempo, a marcação do time parecia frouxa, respeitosa feito namoro de portão de antigamente: quase sem contato físico. Mas Rogério Ceni fez boas defesas, Lucas Gaúcho deu muito trabalho... Tanto que colocou em risco a vitória carioca: no segundo tempo, depois de Washington desperdiçar ridiculamente uma chance, o garoto deu um toque de letra na pequena área, a bola bateu em Gum e entrou.
União tricolor em Barueri (Foto: Paulo Liebert / AE)

Mas logo Xandão seria expulso, por falta em Fred, que partia livre em direção ao gol. E em seguida Richarlyson tomaria o vermelho - em lance que alguns maldosos interpretariam como "pede pra sair". Ele pode até não ter cometido a falta assinalada pelo árbitro Heber Roberto Lopes, mas não era motivo para dar ataque de pelanca e sair ofendendo o juiz daquela maneira. Com nove em campo, o São Paulo até que demorou para sofrer gol. Mas sofreu um, dois, três... E o líder do campeonato mudou.
Claro que isso só aconteceu porque no Barradão o Corinthians não conseguiu superar o Vitória. Houve quem reclamasse do pênalti que Carlos Eugênio Simon apitou corretamente - mão na bola de Ralf. O técnico Tite foi um deles. Mas o dia parecia não ser mesmo do Timão. Depois de dar um belo passe para Danilo abrir o placar, Ronaldo caiu sozinho aos 26 minutos de jogo, sentindo uma fisgada na parte de trás da coxa direita. Ficou sem completar a marca "histórica" de sete jogos consecutivos atuando os 90 minutos. Parece mentira, mas desde a Copa de 2002, o Fenômeno não consegue fazer isso...
E por falar em mentira, as pernas curtas do sempre perigoso Jorge Henrique acabaram fazendo falta depois que Tite achou de substitui-lo pelo voltante Paulinho. Logo em seguida, o Flu desempatou o jogo em Barueri, e o Timão teve poucas forças para fazer o mesmo no Barradão. Na melhor delas, Danilo matou com estilo dentro da área, mas isolou.
Neymar protagoniza o "Migué da Rodada" em cobrança de pênalti
O Corinthians está agora um ponto atrás do Flu. Mas seus últimos adversários parecem ser ligeiramente menos difíceis: o Vasco, já a passeio na competição, no Pacaembu, e o Goiás, com o caixão devidamente despachado para a Série B apos a derrota deste domingo para o Santos por 4 a 1, com três gols de Neymar (protagonista também do "migué da rodada" - confira ao lado a ridícula tentativa de enganar todos na primeira cobrança de pênalti). O Flu tem pela frente os reservas do Palmeiras (totalmente voltado para a Sul-Americana), na Fonte Luminosa, e um Guarani desesperado no Engenhão.
Profissionalismo e ideais esportivos à parte, é inegável a pressão exercida sobre os jogadores quando a própria torcida pede que entreguem o jogo a fim de prejudicar um rival. Nesse contexto, o que o misto quente do Internacional fez domingo no Engenhão é um show de dignidade. Impôs seu futebol superior diante do Botafogo sem se preocupar com o benefício que daria ao Grêmio, rival direto do Alvinegro na luta por uma possível vaga na Libertadores. A vitória por 2 a 1 foi conquistada no talento de falsos reservas como Rafael Sobis e no esforço de desconhecidos como Muriel, o quarto goleiro do Colorado, que mostrou serviço em defesas difíceis e saídas arrojadas.
Entrega ou não entrega? Na dúvida, Leandro Guerreiro faz o delivery
No desastre botafoguense, salvou-se um suspeito de sempre: Fahel, que quase marcou duas vezes - em uma delas o travessão lhe roubou o que seria um golaço. E o mais irônico de tudo: se houve alguém entregando no Engenhão, foi alguém de camisa branca e preta. No caso, "alguéns": o volante Leandro Guerreiro (que já vinha brilhando no sistema de delivery desde o jogo anterior, contra o Ceará) e o zagueiro Marcio Rosário. Os dois falharam pateticamente no primeiro gol, de Andrezinho. O que de forma alguma tira os méritos do Colorado. Antes de entrar em campo, Celso Roth tinha espanado as suspeitas de "entregação":
- Vamos respeitar o adversário. E não há respeito maior que ganhar o jogo... - profetizou o treinador.
Na Libertadores: três garantidos e um "Caprichoso"
Quem agradece a lição de ética é o Grêmio, que no sábado vencera o Atlético-PR, assumindo o quarto lugar, com 57 pontos. É unzinho a mais do que têm Furacão e Botafogo, rivais na luga por uma vaga na Libertadores que, a rigor, ainda não existe. Ela depende de um bumba-meu-boi internacional que envolve LDU ou Independiente e Palmeiras ou Goiás na final da Sul-Americana. Se um time gringo ganhar, a vaga "Caprichoso" se confirma.
As vagas "Garantido" já têm dono: são eles Fluminense, Corinthians e Cruzeiro, que garantiu a dele ao vencer o Vasco por 3 a 1 na Arena do Jacaré. Com direito a atuação de luxo do contestado Roger, que até marcou - e não foi só o primeiro gol, não... Marcou adversários até o fim do segundo tempo, coisa rara. A Raposa está a dois pontinhos do líder e encara ainda um aliviado (mas ainda não livre do fantasma do rebaixamento) Flamengo, em Volta Redonda-RJ, e o nem-aí Palmeiras, em Sete Lagoas-MG.
O Verdão não resistiu ao Atlético-MG em Araraquara-SP, e fez o Galo respirar mais tranquilo, longe da zona da degola. Além dos já rebaixados Prudente e Goiás, a inóspita parte de baixo da tabela tem Guarani, com 37 pontos, e Vitória, 40. Logo acima vêm, também com 40, Avai e Atlético-GO. E em seguida, o próprio Atlético, 42 pontos, e o Flamengo, 43.
Os três pontinhos que separam o atual campeão da área de rebaixamento foram conquistados no sábado, no Engenhão, não antes de muito drama. Com quase 40 mil pessoas no estádio, a torcida rubro-negra quase ferveu o próprio time no caldeirão. Após a falha de Marcelo Lomba no gol de empate do Guarani, as vaias explodiam toda vez que o goleiro pegava na bola - fato que, obviamente, não colaborava nem um pouco para a estabilidade da defesa do Fla. O final acabou sendo feliz, com 2 a 1
Seleção da rodada
Viáfara (Vitória), Mariano (Fluminense), Gum (Fluminense), Leandro Euzébio (Fluminense); Carlinhos (Fluminense); Henrique (Cruzeiro), Fábio Rochemback (Grêmio), Roger (Cruzeiro) e Conca (Fluminense); Neymar (Santos) e Rafael Sóbis (Internacional). Técnico: Muricy Ramalho (Fluminense).
Selebaba da rodada
Emerson (Guarani), Apodi (Guarani), Gualberto (Palmeiras), Xandão (São Paulo) e Márcio Careca (Guarani); Maycon (Guarani), Kléberson (Flamengo), Mário Lúcio (Guarani) e Geovane (Guarani); Zé Roberto (Vasco) e Mazola (Guarani). Técnico: Vágner Mancini (Guarani).
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